Nunca neva em Lisboa.
Podem, que eu já vi, as nuvens ameaçar, mas nevar, não neva. Faz frio, cai granizo, assobia o vento, ronca o céu e encharcam-se as ruas, mas de neve, nada. No entanto, esta cidade é branca. Branca como a virgem, sempre por descobrir, mas, contradição, sempre se mostrando, frágil e desejosa, contudo, esquiva.
Aprende-se a gostar dela, lentamente, enquanto ela se desvenda, aos poucos, sem pressas.
É como as pessoas, trata bem quem a estima, ignora, simplesmente, quem a desdenha.
Lisboa é branca também pelas suas igrejas, pedaços de história, pelos seus passeios e chafarizes e, claro, pela sua alma. Esta cidade tem alma e tem vida porque tem sentimento quem lá vive. As pessoas de Lisboa são, sobretudo, pessoas da sua cidade. Sim, as pessoas são da cidade. A cidade não é de ninguém. Ninguém pode ter Lisboa… a não ser no coração.